Benefícios do Pequi

Marcelo Pimentel

Jornalista formado na PUC/RJ com 25 anos de atuação em veículos especializados em alimentos, agricultura e pecuária.



A produção de pequi (Caryocar brasiliense) no Brasil em 2016 foi de aproximadamente 20 mil toneladas, sendo o estado de Minas Gerais responsável por 73% dessa produção.

Se você nunca ouviu falar de pequi e está se perguntando “pequi é fruta”? Ou ainda, se já experimentou, mas não sabe nada sobre ele, este artigo é para você.

Afinal, o que é pequi?

É uma fruta de origem brasileira, bastante popular nas regiões sudeste, nordeste e centro-oeste do país, e conhecida pela presença de diversos nutrientes, sendo rica em óleos, vitaminas e proteínas. O pequi tem um sabor característico, sendo considerado uma especiaria da culinária regional.

O pequi é constituído de um endocarpo espinhoso que protege a semente comestível. O valor energético de sua semente é alto (aproximadamente 600 kcal a cada 100 g), com uma concentração elevada de gorduras boas (cerca de 50%) e proteínas (mais de 25%). A semente pode ser usada como ingrediente para o preparo de bolos, condimentos, para consumo torrado e para a produção de óleo artesanal, que é atualmente feito com uma técnica rústica em pequena escala usando água em altas temperaturas.

Os subprodutos do pequi podem ser uma fonte de ingredientes alimentares com altos teores de fibra alimentar e propriedades antioxidantes.

O pequi é encontrado no bioma do Cerrado, também chamado savana brasileira, e pertence à família Caryocaceae e ao gênero Caryocar.

Conheça a árvore de pequi

Caryocar brasiliense Camb., conhecido no Brasil como pequizeiro, é uma árvore que cresce até 10 m de altura. Suas folhas são grandes, duras, peludas e com três folhetos cada. Ao contrário da maioria das outras árvores do cerrado, ele carrega flores mesmo nos meses secos de inverno, aproximadamente de julho a setembro.

Segundo especialistas, o sabor de alguns frutos do cerrado deve-se à combinação das moléculas voláteis presentes nos óleos desses frutos. Hidrocarbonetos, ácidos graxos e terpenoides foram identificados no óleo essencial do pequi.

A porção comestível do pequi, a polpa, já foi quimicamente caracterizada por estudos científicos e demonstrou apresentar altos níveis de fenóis, compostos com alta capacidade antioxidante. Veja a seguir, alguns desses relatos.

Benefícios do pequi

A polpa de pequi contém concentrações elevadas de vitamina C e vitamina E. Estudos demonstraram que o óleo de pequi contém vários ácidos graxos, tais como o ácido palmítico, oleico, palmitoleico, esteárico, linoleico e linolênico. Juntamente com uma alta concentração de carotenoides, beta-caroteno, licopeno, este grupo de compostos é conhecido pelas suas propriedades antioxidantes, que estão relacionadas com o reforço do sistema imune e da redução do risco doenças degenerativas, tais como o câncer. Estudos com a produção de óleo de pequi relataram atividade antioxidante.

Um estudo relacionado à alimentação de atletas verificou que o óleo de pequi reduziu o dano ao material genético dos mesmos e diminuiu a lesão tecidual decorrente do exercício físico intenso. Além disso, o óleo de pequi diminuiu o colesterol ruim (LDL) e, consequentemente, o colesterol total do sangue e demonstrou atividade anti-inflamatória.

Os resultados desta pesquisa indicaram que o óleo de pequi, a uma dose de 400 mg por quilo de peso corporal, apresentou efeito protetor contra o câncer de fígado. O óleo de pequi, além de ser considerado uma fonte nutricional de gorduras boas, é também popularmente empregado na medicina popular como um anti-inflamatório, para curar feridas e para o tratamento de dores reumáticas e musculares.

Estudos científicos já relacionaram o uso de óleo de pequi com a redução da resposta inflamatória, além de acelerar o reparo de feridas cutâneas e melhorar edemas agudo do ouvido. Essas propriedades do pequi estariam associadas ao seu conteúdo de ômega 9, ácidos graxos monoinsaturados e fitoquímicos.

Informações nutricionais do pequi

Em 100g do fruto você irá encontrar 205 calorias, 13 gramas de carboidratos, 2,3 gramas de proteínas, 19 gramas de fibra alimentar, 18 gramas de gorduras totais, além de vitaminas e sais minerais, com destaque para o cálcio, manganês, magnésio e zinco.

Pequi: fruta de diversas aplicações

Quase todas as partes da árvore são utilizadas ​​para fins alimentares, médicos ou de construção. O pequi ocupa um papel importante na cultura indígena na região do Cerrado.

Tradicionalmente, os camponeses brasileiros plantavam árvores pequi em torno de aldeias. Nas últimas décadas, a demanda por pequi tem aumentado enquanto o habitat foi destruído. Somado a esse problema está o fato de que a semente leva muito tempo para germinar, gerando uma necessidade de reflorestamento dessas áreas produtoras de pequi.

Pequi: receitas

A polpa de pequi é um alimento muito popular em Goiás e Minas Gerais, podendo ser consumido cru ou usado como ingrediente na culinária ou em bebidas. Os pratos com base de arroz com pequi e frango são especialmente populares entre os moradores. Veja a seguir algumas dicas de consumo e receitas para o preparo do pequi.

Fruta: pequi como comer cru

Para se comer o pequi cru, é preciso ter bastante cuidado. Isso porque o seu caroço apresenta pequenos e inúmeros espinhos que podem ferir seriamente a língua e os lábios.

Por conta desse contratempo, pesquisadores da Universidade de Uberlândia em MG estão tentando desenvolver uma variedade de pequi sem espinho.

Mas enquanto essa variedade de pequi não deixa os campos experimentais e chega aos mercados, uma dica é: em vez de morder o pequi, deve-se roê-lo. Isso evita que os espinhos machuquem a boca. Outra opção é guardá-lo congelado ou em salmoura.

Pequi com arroz

  1. Selecione ½ quilo de pequi e lave. Pode ser usado o usar o fruto inteiro, mas é preciso ter cuidado com o caroço na hora de comer.
  2. Coloque o pequi no óleo ainda frio, e acrescente alho e a cebola picados, deixando refogar em fogo baixo, mexendo sempre para não grudar na panela.
  3. Sempre que necessário, acrescente um pouco de água para facilitar o cozimento por igual.
  4. Assim que o pequi já estiver macio, acrescente o arroz e refogue.
  5. Acrescente água e sal a gosto e espere o arroz cozinhar.
  6. Pode ser servido com pimenta de cheiro, pimenta malagueta, salsa e cebolinha.

Pequi com frango

  1. Corte um frango de aproximadamente 2kg em pedaços, lave-o com suco de limão e água e tempere-o conforme sua preferência.
  2. Esquente um pouco de óleo em uma panela, adicione alho amassado, colorau em pó e deixe dourar.
  3. Adicione o pequi já limpo (de 15 a 20 unidades) e em seguida, adicione o frango em pedaços. Refogue
  4. Adicione cubos de cebola, pimentão e tomate e vá colocando água aos poucos, até que os ingredientes cozinhem por inteiro, formando um caldo grosso.
  5. Se preferir adicione pimenta malagueta.

Licor de pequi

  1. Selecionar 20 pequis maduros e colocá-los junto com ½ litro de aguardente até que esta adquira a cor dos frutos (aproximadamente 2 meses)
  2. Passado este tempo, faça uma calda grossa com 1 kg de açúcar.
  3. Adicione os pequis sem a aguardente e cozinhe por cerca de 30 minutos.
  4. Retire a panela do fogo e acrescente a calda da aguardente
  5. Sirva gelado

Marcelo Pimentel

Formado em jornalismo pela PUC/RJ, há 25 anos atua no jornalismo especializado voltado para alimentos, agricultura e pecuária. Começou em 1995 como repórter na Revista Manchete Rural, onde foi também redator e chefe de reportagem. Fundou a revista Panorama Rural (1998) e o Portal Dia de Campo (2008), no qual publicou mais de 11 mil artigos, entrevistas em áudio e vídeos sobre o assunto.